A dívida bruta do Brasil registrou novo aumento em abril de 2025, atingindo o patamar de R$ 9,2 trilhões, equivalente a 76,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O crescimento de 0,3 ponto percentual em relação a março foi impulsionado principalmente pelos gastos com juros da dívida.
Os dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (30) revelam que a pressão dos juros sobre a dívida contribuiu com 0,7 ponto percentual para a alta mensal. No entanto, dois fatores ajudaram a conter um aumento ainda maior: o crescimento do PIB, que reduziu 0,4 ponto percentual, e a valorização cambial, que proporcionou um alívio de 0,1 ponto.
A dívida bruta, que engloba as contas do governo federal, INSS e governos estaduais e municipais, é considerada um termômetro crucial para avaliar a saúde financeira do país. O indicador serve como referência para investidores internacionais e analistas de mercado mensurarem a capacidade do Brasil de honrar seus compromissos.
Um fator agravante para o cenário atual é que aproximadamente metade dos títulos emitidos pelo governo são atrelados à taxa básica de juros. Com a Selic em 14,75% ao ano, maior patamar das últimas duas décadas, a pressão sobre o endividamento público aumenta significativamente. Segundo cálculos do Banco Central, cada ponto percentual de elevação na Selic, mantido por 12 meses, resulta em um acréscimo de R$ 50 bilhões na dívida bruta.
Em uma perspectiva mais ampla, utilizando a metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida brasileira alcançou 88,5% do PIB em abril, contra 88,3% no mês anterior. Já a dívida líquida, que desconta os ativos do governo, subiu para 61,7% do PIB, atingindo R$ 7,4 trilhões – o maior nível desde setembro de 2024.
Apesar do cenário desafiador do endividamento, as contas públicas apresentaram alguns sinais positivos. O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 14,1 bilhões em abril, mais que o dobro do resultado obtido no mesmo período do ano anterior, quando alcançou R$ 6,7 bilhões. O desempenho foi impulsionado principalmente pelo superávit de R$ 16,2 bilhões do governo central.