Indústrias do aço e alumínio mobilizam-se contra nova taxação dos Estados Unidos

Setor busca reativar acordo comercial com Washington

Por William Saliba (*)

O Instituto Aço Brasil (IABr) iniciou negociações para reestabelecer o acordo comercial de 2018 com os Estados Unidos, em resposta ao recente anúncio de uma tarifa de 25% sobre as importações de aço brasileiro. A medida tem potencial para impactar significativamente as exportações nacionais, considerando que o Brasil foi responsável por 15% do aço importado pelos EUA em 2024.



A mobilização do setor ganhou força após a manifestação oficial do IABr nesta terça-feira (11), defendendo a retomada do acordo que previa cotas de exportação de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e placas, além de 687 mil toneladas de laminados para o mercado norte-americano.

O impacto da nova tarifa preocupa não apenas o setor siderúrgico, mas também a indústria do alumínio. A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) manifestou apreensão diante da possibilidade de a sobretaxa ser adicionada aos 10% já existentes, o que elevaria a tarifa total para 35%, tornando as exportações brasileiras ainda menos competitivas.

Minas Gerais, um dos principais estados exportadores de produtos siderúrgicos, pode ser especialmente afetado pela medida. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) pondera que, por se tratar de uma taxação generalizada, o impacto pode ser mitigado pelo equilíbrio competitivo global.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ressaltou que o Brasil está longe de representar uma ameaça comercial aos Estados Unidos. Nos últimos 20 anos, os norte-americanos registraram superávit comercial com o Brasil em 16 ocasiões. A corrente de comércio bilateral na cadeia do aço movimenta US$ 7,6 bilhões anuais, com saldo positivo de US$ 3 bilhões para os EUA.

Entidades do setor alertam para possíveis efeitos colaterais da medida, como desvios de comércio e concorrência desleal no mercado interno brasileiro. Caso percam o ao mercado americano, produtos brasileiros poderão buscar novos destinos, incluindo o próprio Brasil, potencialmente resultando em uma sobreoferta e pressão sobre os preços.

O setor defende que a parceria histórica entre Brasil e Estados Unidos, aliada à complementaridade das indústrias dos dois países, pode facilitar uma solução negociada para o ime. Grande parte das exportações brasileiras consiste em produtos semielaborados, posteriormente processados em empresas norte-americanas, muitas delas coligadas a companhias brasileiras.

Em um momento de tensão comercial, a diplomacia econômica se torna essencial. A negociação pragmática e a manutenção do diálogo são fundamentais para evitar retaliações e preservar um mercado estratégico para a indústria brasileira.

(*) William Saliba, diretor do Carta de Notícias é jornalista profissional há 54 anos e detentor de vários prêmios no setor da Comunicação

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